Não somos mais os ombros que
recebiam as lágrimas um do outro, quando a dor crescia em dias maus. Nem as mãos que juraram amizade eterna, em um amanhecer de fevereiro, sobre
nosso píer preferido. Não somos mais os irmãos, que adivinhavam pensamento e as
palavras antes de saírem da nossa boca, e na calmaria de um olhar, expressavam
um livro inteiro de sentimentos.
(Ideias Fixas) |
Para construir uma amizade
como a nossa levou tempo, exigiu paciência, necessitou dedicação. Para derruba-la,
bastou uma dose de indiferença. Sou como uma árvore da qual se arranca um
pedaço do talo, e então chora sua própria seiva. Você foi arrancado de mim,
você foi o pedaço que me foi tirado. E o que eu tenho agora é esta marca,
metade ferida, metade cicatriz.
Acabou todo resto. Sim, acabou
o riso solto entre os corredores onde estudávamos, acabou a chama dos cigarros
que dividíamos, acabou o pacto que tínhamos e que, por teimosia, tentei preservar
até aqui. Acabou porque não suporto – por nenhum minuto a mais - carregar o
peso da falta que você faz entre os meus dias. A saudade é uma amiga que não
vai embora. O sofrimento é um irmão que nunca me trairá.
Por agora então, declaro-te finado, e deposito na literatura do meu punho, a amargura causada pelas lembranças. Ponho sobre as palavras, o luto pela morte de dois anos e alguns meses que me fizeram inexplicavelmente bem.
senti a dor desse texto em cada pausa que a vírgula me obrigava fazer.
ResponderExcluirEra o objetivo. Fazer com que as pessoas se identifiquem. :)
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