euevocêtinhaquesersemprejunto, mas não é. (Soulstripper) |
Não sei dizer ao certo quando sua presença se tornou rotina, nem quando seu perfume decidiu permanência no meu travesseiro. A única coisa que eu sei é você entrou sem permissão, jogou suas coisas num canto e silenciosamente achou lugar na minha cama. Não reclamei a surpresa, não perturbei seu sono. Admirei a imagem do seu descanso como quem admira uma joia. Era bom te olhar e o seu sorriso preguiçoso ao acordar me fez bem.
Na bagagem, você trouxe uma
lista de defeitos que não suporto e alguns amores que preferi não questionar. Trouxe
alegria e uma mania insuportável de me fazer rir, toda vez que eu estava sério.
Trouxe raiva também, e um pouco de frustração. Não somos iguais, nunca seremos,
e isso ainda me deixa triste. Porém, no bolso mais
escondido estavam sua doçura e um jeito único de entrelaçar as minhas mãos. Estavam
os olhos que me cativaram e me pediam compreensão, estava o abraço mais
gostoso, como aqueles que quebram as costelas de tão verdadeiros. E você ficou
por um, dois, três, perdi-as-contas-de-quantos dias.
Mas a cama que você ocupa
comigo é pequena demais. Não cabe à insegurança do futuro, não cabem nossas
incertezas. Não cabemos nós dois. Desde então, eu me despeço de você. Desde
então, faço suas malas, na esperança que você vá embora. Mas eu nunca fecho a porta.
E você, como na primeira vez, sempre volta.
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