19 de junho de 2015

E Se?

"There's a battle ahead, many battles are lost, but you'll never see the end of the road while you're traveling with me." (Sixpence None the Richer)



Já era noite e nós estávamos do lado de fora, sentados no chão frio, iluminados pela luz da Lua. Já era tarde e você tinha os olhos cheios de lágrimas, os pés cruzados e a cabeça inclinada sobre eles. "Eu preciso desabafar" - você disse. Então eu te ofereci ombros, ouvidos e um abraço fraterno. 

"E se eu for incapaz de demonstrar o que sinto? E se não houver coragem e as palavras não saírem da forma como eu ensaio todos os dias? E se eu morrer com este nó na garganta?". Tomei fôlego e respondi "não se desespere", como uma daquelas frases de auto-ajuda que detestamos. Mas a verdade é que eu não sabia qual era a melhor resposta, nem a saída mais fácil. Eu não sabia como te consertar. 

Então te olhei nos olhos, eu vi através da sua própria íris, e tive medo por você. Eu tive medo por nossos papéis e destinos pré-moldados em fábricas de expectativas, nossas escolhas e nossas renúncias empilhadas e empoeiradas, nosso passado e nosso presente enquadrados para um quadro de parede velha. Tempo e espaço indeterminados, atravessamos a madrugada. 

"E se o sucesso profissional não me alcançar até os 30? E se eu continuar amargurado e incapaz de lidar com meus fracassos emocionais?" E se o egoísmo matar aos poucos a minha vontade de amar?". Até parece que nós somos as mesmas crianças de 20 e poucos anos atrás, até parece que nós somos as mesmas dúvidas e o mesmo choro. A diferença é que hoje eles se escondem no travesseiro na hora de dormir.

Antes de amanhecer, você pediu pra que eu ficasse mais um pouco, você me desafiou a não fugir de mim mesmo. Eu disse sim e percebi que éramos um.