29 de julho de 2013

Saudade


Saudade é quando o peito dói por alguém que não está. Saudade é quando a gente acha uma foto, ou sente um perfume, e o coração suspira triste.

Quem me dera ter uma desculpa para dirigir rumo a qualquer estrada que me levasse a você, qualquer atalho que me aproximasse do som da sua voz, do calor das suas mãos. Quem me dera inventar um motivo para te ligar. Eu certamente diria pra você buscar a camiseta que deixou aqui, na última vez que veio. É a sua cara, mas eu adoro dormir com ela. Quem me dera poder saciar definitivamente toda vontade que eu sinto, de correr até te encontrar e outra vez descansar no seu colo.

Toda essa distância não me serve como companheira. Toda esta espera adia encontros e gargalhadas sobre a mesa de um bar, ou em um banco de praça. Sua ausência trouxe caos ao meu relógio. As horas parecem dias, e os dias se tornam anos. Estendem-se por linhas de caderno e se tornam diário, onde me escondo nas noites chuvosas, quando o cobertor finge me receber como se fosse o seu abraço.

A propósito, o fingimento é a nossa melhor maneira de disfarçar a dor, ainda que temporária. A máscara se une ao rosto para negar vestígios de fraqueza, sinais da falta, lágrimas no travesseiro. Enquanto agosto não chegar e me trouxer de volta o sorriso que me faz bem, permanecerei entre o papel e a caneta, entre a foto e o perfume. Entre o seu vício de ir embora e a minha mania de saudades.

27 de julho de 2013

Aislane


Nós nos encontramos na minha cama, e nos despedimos na sua calçada.

Tudo que permanece entre os nossos olhos são segredos de travesseiro, são verdades de concreto. A mesma paixão por escrita, o mesmo signo do zodíaco, a mesma mania de repetir erros e não concluir amores. O mesmo desejo de abraçar o mundo, ou quem sabe, desistir dele. O mesmo sorriso, as mesmas lágrimas.

(Se quiser entender mais, clique AQUI)
Nunca soube escrever o que somos. As linhas que nos revelam também nos escondem. Não encontrei Aurélio ou Houaiss que descrevesse uma palavra certa a nosso respeito. Dicionário nenhum serviu pra definir todos os anos – poucos, mas suficientes – em que sua vida se tornou parte da minha. Todo risco que corremos é um passo de coragem, todo medo que deixamos é uma porta que se abre rumo à liberdade. Sentir o coração queimar é o que nos move um para o outro. Amar, ainda que com todas as dúvidas, é o que nos mantém vivos.

Não sei como a história termina. O que eu sei, é que você é minha personagem preferida. E se nunca te dediquei um capítulo inteiro, é que, na verdade, você faz parte de todo meu livro.

26 de julho de 2013

Somente Meus


Eu sei que você não é única, eu sei que existem outros amores. O que eu não sei é aceitar adeus, cartas de divórcio e malas feitas em silêncio.

Todo romance que vivemos, fui eu quem escreveu, em rascunho de fantasia, em papel que qualquer outro rapaz apaga. Cada plano que fizemos, foi apenas parte do meu livro, contados em segredo para as paredes de um bar. Toda saudade que sentimos, foi aperto somente no meu peito, junto com a falta do abraço e a vontade do sorriso.

(Los Hermanos)

Gostar de você me fez forte ao me apegar às lembranças e achar nelas uma fortaleza. Meu bem querer é duradouro, resiste ao tempo e as pedras no meio do caminho, ignora o crime da indiferença e te perdoa por não me corresponder. Gostar de você também me fez fraco, então às vezes me canso. Canso de alimentar a caneta com histórias exclusivas da minha imaginação, canso de te desenhar como meu par em borrões que nunca se completam. No fim das contas, entre a força e a fraqueza existe um coração. Entre não ser teu e admitir não ser teu, existe um abismo que não consigo atravessar. Submeter-me ao seu desejo de largar as minhas mãos e caminhar na direção oposta, significa colocar ponto final aonde só cabem vírgulas. Significa sepultar em mim o que ainda não morreu de você.

Assim que a noite chegar, colocarei minha cabeça sobre o travesseiro, e adormecido, desejo que meus sentimentos façam o mesmo. Durmo pra fugir na esperança de esquecer. Mas amanhecerei frustrado por mais um dia, porque eu sei que você é única, eu sei que não existem outros amores.

Pequena Demais


euevocêtinhaquesersemprejunto, mas não é. (Soulstripper)
Todo dia eu me despeço de você. Todo dia faço suas malas, na esperança que você vá embora.

Não sei dizer ao certo quando sua presença se tornou rotina, nem quando seu perfume decidiu permanência no meu travesseiro. A única coisa que eu sei é você entrou sem permissão, jogou suas coisas num canto e silenciosamente achou lugar na minha cama. Não reclamei a surpresa, não perturbei seu sono. Admirei a imagem do seu descanso como quem admira uma joia. Era bom te olhar e o seu sorriso preguiçoso ao acordar me fez bem.

Na bagagem, você trouxe uma lista de defeitos que não suporto e alguns amores que preferi não questionar. Trouxe alegria e uma mania insuportável de me fazer rir, toda vez que eu estava sério. Trouxe raiva também, e um pouco de frustração. Não somos iguais, nunca seremos, e isso ainda me deixa triste. Porém, no bolso mais escondido estavam sua doçura e um jeito único de entrelaçar as minhas mãos. Estavam os olhos que me cativaram e me pediam compreensão, estava o abraço mais gostoso, como aqueles que quebram as costelas de tão verdadeiros. E você ficou por um, dois, três, perdi-as-contas-de-quantos dias.

Mas a cama que você ocupa comigo é pequena demais. Não cabe à insegurança do futuro, não cabem nossas incertezas. Não cabemos nós dois. Desde então, eu me despeço de você. Desde então, faço suas malas, na esperança que você vá embora. Mas eu nunca fecho a porta. E você, como na primeira vez, sempre volta.