15 de fevereiro de 2018

Post It

Você chegou numa época que eu me torturava com despedidas sem fim, embriagava-me com conversas arquivadas e gostava de perfumes antigos. Você surgiu num momento que meus textos tinham um gosto amargo de decepção e coração partido. Você veio num tempo em que, verdade seja dita, eu estava praticamente acostumado a ser o tipo que Alanis descreveria como "quanto mais trágico melhor". 

Você apareceu como um post it na tela do computador, que me lembrava de gargalhar mais por motivos tolos, como o café na minha caneca preferida, que certamente faria meu dia melhor, como uma ida repentina a Taquaruçu, que vale todo esforço depois de um mergulho na Roncadeira. 

Quando julguei que evitar pessoas era a saída para todos os problemas, sua mensagem chegou às 3 da manhã para dar o veredicto contrário. Afinal, eu encontrei alguém que gosta de todas as coisas que me ensinaram a odiar em mim, como meu jeitinho rabugento ao acordar e a minha sinceridade desmedida. Talvez Deus não tenha ouvido minha prece para te manter distante, porque você não acredita nele. Ainda bem.

Não é que o seu afeto seja cego, mas é compreensível, paciente e compassivo. A sua admiração por mim é como um trampolim que me impulsiona a ser melhor. Nós aprendemos que quanto mais mãos estendidas, menor é a solidão durante a caminhada.

Você disse que nunca me viu chorar, mas é que na sua companhia eu só sei rir. Obrigado por cada vez que a sua mão alcançou a minha, pelo colo que se transforma em travesseiro e por saber cozinhar com pouquíssimos ingredientes. Se eu te agradeço é porque não sinto mais medo, o seu amor cura meu coração todos os dias. 


 
"Quem diria que seria tão bonito assim viver? Tão bonito assim olhar alguém?" (Vanguart)