27 de julho de 2014

Friend or Foe?

Eu me lembro de quando a nossa cama era o lugar em que eu me sentia mais seguro. Recordo do seu cheiro sob as minhas narinas e da paz que eu sentia e precisava em cada canto daquele cômodo. Eu me lembro de quando nos escondíamos entre travesseiros e lençóis e fazíamos do colchão a nossa morada. Se você estivesse comigo, eu ficaria ali pra sempre. Hoje o quarto não é nada além de um campo de batalha, mero anfitrião na guerra particular de corações partidos.


As nossas armas não são de fogo, nem nossos escudos feitos de ferro. As palavras que usamos machucam muito além do corpo, atravessam o peito e desfalecem a alma. A frieza dos olhos e o rancor transformado em silêncio constroem muros ao redor de qualquer bom sentimento. Nossa maior defesa é o medo de chorar outra vez no final.

No meio da troca de tiros, ofensas gratuitas lançadas de um lado para o outro, aniquilamos o afeto em nome da razão. Sacrificamos beijos, abraços e sorrisos para provar quem está certo. Aquele que mantiver o orgulho por mais tempo ganha, mas é somente o nosso amor quem perde.

Quando cogito rendição, ergo meus braços cansados e chego a pensar que a minha derrota seria a nossa separação, mas você nunca me impede. Mentira minha. Olha nos meus olhos e pergunta: "é isso mesmo que você quer?". Então todos os meus planos de desistência caem por terra, e eu esqueço cada uma das vezes em que ensaiei formas de me despedir.

Quem sabe eu deixe tudo como está, ou talvez eu comece a empacotar meu coração em caixas e guarde o romantismo para dias melhores. Por enquanto, deixo o perdão nas suas mãos, na esperança de que o nosso duelo finalmente morra e nós voltemos a viver.

Um comentário: