11 de outubro de 2014

Não Peça Pressa


Não foi a primeira vez, mas era como se fosse. Tinha toda a inocência que qualquer início carrega em si, como se nenhuma decepção tivesse atravessado seu caminho, como se o coração não tivesse se partido antes. Guardava na memória dos olhos todos os detalhes daquele encontro casual, desde o cheiro do perfume que invadiu o carro ao entrar, até as pálpebras sonolentas e satisfeitas no final.

Fiado em palavras bonitas, ditas ao pé do ouvido, encheu-se de esperanças e expectativas. Sem nada que lhe garantisse, sem provas de que um sorriso bonito era também verdadeiro. Ingênuo, esqueceu-se das vezes - e elas foram muitas - em que a mesma boca que prometia permanência se transformava em uma caricatura sem graça, ensaiando uma desculpa qualquer, ou pior, cerrada em um silêncio incompreensível.

Acreditar não parecia errado, não até o dia seguinte, mas o Sol nasce e traz consigo a inquietação pelas vontades que não estão claras e pelos desejos que não se concretizam. Acreditar não parecia errado, mas a realidade insiste em chamar e ela sempre diz a mesma frase: "não era pra ser, não com você".

Alguns laços são mais curtos que outros, mas não significa que corta-los seja menos doloroso. Aceitar os passos separados é um processo, uma cura gradual que não pede pressa.

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