9 de julho de 2014

Gravidade

Eu tenho que me despedir, mesmo sem vontade, mesmo sem forças pra dizer "adeus". Eu tenho que ir embora, ainda que o teu querer me peça pra ficar, ainda que eu me arrependa um instante depois da partida.

Os olhos não derramam mais lágrimas, porque agora é o peito quem chora. Chora baixinho pra ninguém escutar, chora sem energia, quase sem fôlego. Chora porque neste instante você é meu único motivo pra permanecer. O resto deles me engoliu, revirou-me em seu estômago, e me expulsou violentamente. O incômodo é mais forte, a vergonha também. 

Contigo, eu quase acreditei que sonhos poderiam se realizar. Por pouco, seu amor tirou meus pés do chão que me prendia e me ensinou a voar. Mas o mundo é cruel, e a lei da física e dos homens me chamou de volta, hoje eu vou voltar pra Terra, para debaixo dela e descansar.

De todas as saudades que eu carrego, a maior delas será te ninar nos meus braços, te colocar pra dormir. Levo no bolso alguns trocados e muitas dúvidas, mas cabe ao futuro, não a mim, responde-las.

O meu trem está vindo, contínuo e cada vez mais veloz. As malas estão feitas, não preciso levar muita coisa. Pra onde eu vou não há lugar pra dois, não há canetas pra escrever, nem papéis pra pôr ideias. Há paz, a calmaria que eu sempre procurei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário