6 de junho de 2016

Saudade, Parte III

O que é saudade? 

Eu sinto falta da minha cama quentinha quando anoitece, sinto falta do frango assado aos fins de semana, e minha mãe vive dizendo que sente falta de um pouco mais de dinheiro no final do mês. A gente sente falta de coisas tão comuns, que parece banal falar sobre o assunto, parece difícil levar este sentimento a sério. 

Eu já escrevi sobre a saudade de mentirinha, aquela que a gente sente ao passar um dia ou dois longe da pessoa e, quando abraça de novo, mata rapidinho. Eu já falei sobre a saudade da distância, quando são meses ou quilômetros que nos separam de quem a gente ama e se demoram até os minutos da chegada. Eu nunca achei, porém, que falaria da saudade que vem depois da morte.



O que é a saudade de alguém que partiu?

A falta que vem depois da morte não é graciosa como nos filmes, porque a gente não supera ao subirem os créditos, a gente não esquece conforme o tempo passa. Nada disso parece ajudar, sabe? A falta que vem depois da morte é o amor que se choca contra nosso peito – às vezes no acordar das manhãs, noutros ao colocar a cabeça sobre o travesseiro à noite.  E este encontro dói, a pancada dói, todos os dias dói.

Antes eu não saiba, mas agora sei. Agora eu sei o que é chamar “vó” e ninguém responder. Agora eu sei o que é soltar suas mãos enrugadas e deixar você andar sozinha. O que eu não daria para te ajudar a caminhar pela praia novamente? O que eu não daria para ser o seu apoio outra vez?

Eu preciso que Deus me ajuda a lidar com esta feiura que ficou dentro de mim. A saudade que sinto não é bonita, mas é forte, e violenta, e cheia de frustração, porque não posso desfazê-la. Eu preciso que Deus ilumine o meu coração e me traga descanso como trouxe a você.

Eu te amo. Para Sempre.

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