14 de junho de 2014

Mistura De Dois


Efeito colateral é a consequência de uma causa, é o fruto da semente plantada um dia, é o romance prenunciado entre uma ação e suas infinitas reações.

Primeiro a insistência, depois o remorso. Insistimos e gostamos de falar, lutamos ao invés de nos render, escolhemos ficar ao invés de ir embora. Se a gente soubesse como as coisas são no fim delas, tomaríamos outras decisões? Se um relance do futuro nos fosse apresentado, haveria menos lamento? Ninguém sabe além do que se vê, e é por isso que existe o arrependimento. Talvez das atitudes repentinas, dos corações que cativamos ou partimos, das palavras impensadas e da língua sem censura.

Efeito colateral é a alergia que nos acomete no lugar da cura, a prisão que sucede o julgamento de um crime, o sono que entorpece quando, na verdade, gostaríamos de estar de olhos bem abertos.

Primeiro a escolha, depois a perda de controle. A vontade se torna intenção, a intenção já é esquema premeditado e o esquema se faz atuação. Em seguida, game over. Nenhuma força ou poder, nenhum homem ou ser espiritual, nem espaço ou tempo, pode apagar diálogo, desmanchar beijos, sufocar a esperança que nossas promessas inspiraram.

Porque as nossas ações são como peças de dominó enfileiradas, que caem uma após a outra, uma reação em cadeia dada por um simples toque inicial. Da mesma maneira que cinco minutos de coragem mudam o destino de uma vida inteira, a fraqueza momentânea arruína sonhos, despedaça expectativas e põe ponto final em qualquer plano idealizado. 

Não existe aplauso para cortinas que se fecham, ou para luzes que se dissipam. Apenas um palco vazio. A companhia e a solidão do que fizemos e de quem nos transformamos.

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