20 de janeiro de 2014

Elsa

"Esconda, não sinta, não deixe que eles saibam" - Ninguém imagina quantas vezes Elsa repetiu a frase pra si mesma, sem um ouvido para compreende-la, sem um ombro para apoia-la. Ninguém imagina quantas vezes ela foi obrigada a reprimir o que crescia tão naturalmente, porque foi ensinada a ser assim, porque disseram que a melhor decisão era fechar a porta e não permitir que as pessoas a vissem por dentro, que jamais conhecessem seu coração. 

Contaram uma mentira, como contam a todos nós, e ela acreditou: o certo é guardar em silêncio ao invés de tirar o peso do orgulho das costas, o certo é desconfiar de tudo, o certo e mais conveniente é viver com medo de mostrar quem realmente somos porque o julgamento do outro é uma dor que poderíamos não suportar.


Desde então, ela cresceu desta forma, isolada em um reino de gelo, condenada pela sua própria mente. E o pior, acostumou-se. A solidão não é tão ruim quando percebemos que estamos habituados a ela, quando aprendemos a alimentar e carrega-la como um bichinho de estimação. A pretensão de que é possível viver desacompanhado se torna tão grande quanto o vazio que mora no peito. Atrás da aparência distante, está o receio de tocar. Oculto entre algumas mágoas, está a necessidade de ser amado novamente. 

Infelizmente, a torre que a rainha construiu é alta demais para qualquer um alcançar. Infelizmente, os monstros que guardam sua porta e o frio que percorre todo castelo é mortal para aqueles que se arriscam a entrar.

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