17 de novembro de 2013

Saudade, parte II

Saudade é um bebê chorão que não se acalma em outros braços, é um pedinte insistente que aparece nas horas mais inoportunas.

(Se você chegou agora, corre aqui na PARTE I)

Tive que falar outra vez, porque uma não foi o suficiente. Tive que escrever de novo, porque a ausência que sinto não se esgota. Se cada texto conta uma história, eu escolhi continuar com essa. Não aprendi a lidar com a dor da falta, não aprendi a transformá-la em lembrança feliz, daquelas que qualquer um se orgulharia em guardar num porta retrato. Aí, dizem, até parece que não tenho outro assunto. Quem sabe política ou talvez arte, quem sabe outras visões, outras prioridades. Elas existem, eu sei. Eu é que não quero dissertar sobre, eu é que tenho a necessidade de manter meus sentimentos em exposição para vivê-los. Já tornei esse tema minha obsessão. Mas não adianta: ouvir gravações, ver fotos, reler as mensagens, nada resolve. Encho quantos copos de cerveja eu quiser, mas o coração permanecerá vazio. 

Protesto! Contra os monitores em LCD, palavras de teclado touch e cartas de amor convertidas em simples dados binários. Cansei! Chega um momento que toda essa tecnologia destrói as pontes e constrói muros. E as minhas palavras são a forma de quebra-los, o único jeito que eu achei. Chega um momento em que a gente não aguenta tanta agonia no peito e grita, nem que seja baixinho: eu me rendo! Porque no final de cada dia, eu preciso da presença, do cheiro, das mãos. Eu quero vestir quem amo como um casaco, como se fosse minha própria pele. Qualquer coisa menor que isso é ilusão, qualquer coisa menor que isso não servirá pra nada. Nada além da parte III, provavelmente.

Um comentário:

  1. 'Eu quero vestir quem amo como um casaco, como se fosse minha própria pele. Qualquer coisa menor que isso é ilusão, qualquer coisa menor que isso não servirá pra nada.'

    wow. sem palavras, que lindo. (olhos marejados)

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