Pode ser em uma festa
lotada, ou em um barzinho atrás da avenida, em qualquer lugar que eu vá,
continuam a me perguntar sobre você, continuam a procurar em mim
características de nós dois. Talvez por preocupação ou mera curiosidade, talvez
por mania ou falta de assunto, ou talvez ainda pelo mesmo motivo que eu me pergunto:
é difícil entender o porquê, é arriscado tentar justificá-lo. Como se a chegada
do fim não bastasse, como se faltassem palavras, um início apressado que se
adiantou no ponto final e, eventualmente, um meio que ficou em branco.
Um amigo me disse que sou
louco, que este pensamento meio teimoso, meio iluminista, que busca explicação
para tudo, serve apenas para cansar os meus dias e o meu coração. Disse e me
repetiu que eu deveria aceitar o destino, as coisas como são, fechar algumas
portas e, quem sabe, abrir outras. Mas eu não sei ouvi-lo, não sou bom em
seguir conselhos. A verdade é uma e a minha vontade também: eu gostaria de
mudar tudo. E assim, entregar as cartas que te escrevo, curar os nossos erros, acalentar
você nos braços e, ao olhar seu rosto, dizer: eu não preciso de mais nada.
Perversa sorte imutável, maldito
tempo que não volta. Não dá pra dormir e acordar um ano atrás, não dá pra
consertar o que já se estragou. É impossível remontar um quebra-cabeças de
peças partidas. Enquanto a conclusão que eu preciso ouvir não se apresentar, a minha resposta aos ouvidos curiosos será a
mesma: nenhuma. Quiçá, um olhar que se desvia para uma direção qualquer, apenas
pelo incomodo do assunto, pela necessidade de permanecer em silêncio.
"É impossível remontar um quebra-cabeças de peças partidas."
ResponderExcluirDura realidade da vida...