2 de agosto de 2013

De Todos Os Clichês


“Acho melhor a gente não continuar com isso”.

Ainda lembro quando minha boca se contraiu ao dizer a frase acima, em um esforço sobre-humano para pronunciar cada palavra. Ainda lembro como meu coração acelerou em um ritmo que eu desconhecia, e então parou por uma fração de segundos, sabido que não poderia voltar atrás naquela decisão. Ainda lembro, e sinto o peito afundar dentro de si mesmo, cada vez que recordo da pior noite do último mês.

Nós prometemos que seria diferente, mas não foi. Depois de tantas frustrações, e lágrimas, e divórcios, e pontos finais sem direito a explicação, eu finalmente acreditei que estava pronto para te receber, para te fazer ficar. Nós prometemos que seriamos um casal, mas não fomos. Além das muitas conversas, e brincadeiras, e abraços, e risos dentro do carro, parece que nos faltou algo. Eu é que tentei negar, eu é que tentei abrir caminhos, achar saídas, procurar soluções. Mas a resposta estava o tempo todo na minha frente, e era você. Você e sua fuga ao dizer que eu não era o problema.


De todos os clichês possíveis, talvez este seja o mais difícil de ouvir. Por que, afinal, se não era eu, o que mais poderia ser? A gente começa a procurar sem perceber, por sinais que revelem motivos, por memórias que desvendem nosso passado, por uma razão que justifique o fim. E nunca encontra. Então tenho a impressão que eu te conhecia de outros versos, como se nossa história fosse mera repetição, como se um romance apenas ecoasse outros. Parece até que eu já sabia, ou talvez fosse o destino, onde nós terminaríamos.
 
Para quem aprendeu a aceitar despedidas, existe sempre um novo dia e novas chegadas. Para quem não aprendeu, parece que o tempo para. Todo amanhecer nos acorda na mesma estação, todo rádio toca a mesma música, todo cheiro exala o mesmo perfume.

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